O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE) divulgou nesta quinta-feira (02), que o Produto Interno Bruto (PIB) Brasileiro caiu 0,1% no 3º trimestre de 2021, na comparação com os três meses imediatamente anteriores, infelizmente, confirmando a entrada do país em uma nova recessão técnica.
A recessão técnica é caracteriza por dois trimestre seguidos de retração. A última tinha sido registrada nos dois primeiros trimestres de 2020, quando o PIB ‘encolheu’ 2,3% e, em seguida, 8,9%.
O resultado do 2º trimestre do ano foi revisado para uma queda de -0,4%, contra leitura inicial de queda de -0,1%. O IBGE também revisou o resultado da alta do 1º trimestre, de 1,2% para 1,3%.
O resultado veio um pouco pior do que o esperado. A expectativa em pesquisa da Reuters era de estabilidade no 3º trimestre sobre os três meses anteriores.
O PIB é a soma de todos os bens e serviços produzidos no país e é o principal indicador usado para medir a evolução da economia.
No acumulado do ano até setembro, o PIB avançou 5,7% contra igual período do ano ado. Na soma dos últimos 4 trimestres, o avanço é de 3,9%.
Principais destaques do PIB Brasileiro no 3º trimestre:
- Agropecuária: -8%
- Indústria: zero
- Serviços: 1,1%
- Consumo das famílias: 0,9%
- Consumo do governo: 0,8%
- Investimento (FBCF): -0,1%
- Importação: -8,3%
- Exportação: -9,8%
- Construção: 3,9%
- Comércio: -0,4%
- Indústria de transformação: -1%
- Indústria extrativa: -0,4%
Apesar da alta de 1,1% nos serviços, que respondem por mais de 70% do PIB nacional, a queda no 3º trimestre foi pressionada para baixo por conta da queda de 8% na agropecuária e também pela queda de 9,8% nas exportações de bens e serviços.
já a indústria, que responde por cerca de 20% do PIB, ficou estagnada, afetada pelo encarecimento dos insumos e outros problemas na cadeia produtiva, além da crise energética.
“Como ela é a principal commodity brasileira, a produção agrícola tende a ser menor a partir do segundo semestre. Além disso, a agropecuária vem de uma base de comparação alta, já que foi a atividade que mais cresceu no período de pandemia e, para este ano, as perspectivas não foram tão positivas, em ano de bienalidade negativa para o café e com a ocorrência de fatores climáticos adversos na época do plantio de alguns grãos”, explicou a coordenadora de Contas Nacionais do IBGE, Rebeca Palis.
Piora das expectativas
A economia brasileira vem perdendo o ímpeto mesmo com a reabertura do setor de serviços e fim de boa parte das medidas restritivas lançadas no país para frear o avanço da Covid-19 desde o começo do ano ado.
Desde setembro, as projeções para a economia têm sido revisadas continuamente para baixo, em meio à disparada da inflação e aumento das incertezas fiscais após as manobras do governo para driblar o teto de gastos e abrir espaço no Orçamento no ano eleitoral de 2022.
As preocupações com a saúde das contas públicas, o desemprego ainda elevado e a elevação em ritmo acelerado da taxa básica de juros para conter a inflação vêm provocando uma redução da confiança de empresários e consumidores.

Segundo dados da Confederação Nacional do Comércio (CNC), a inadimplência subiu em novembro, para o maior patamar do ano, com 26,1% das famílias relatando ter dívidas ou contas em atraso.
A média atual das projeções do mercado financeiro apontam para alta de 4,78% do PIB em 2021 e de 0,58% em 2022, bem abaixo da média global e a pior perspectiva entre os países do G20. E parte dos analistas apontam para o risco de retração no ano que vem.
Com o resultado do 3º trimestre pior do que o esperado, os analistas já começam a revisar para baixo as projeções para o PIB do ano. O banco Modalmais, por exemplo, agora prevê crescimento de 4,6% em 2021, ante previsão anterior de 4,8%.
Recessão Técnica
A recessão técnica é um sinal de alerta de que a economia está patinando, mas ainda não entrou em recessão de fato. Nesses casos mais extremos, o país conta com alta no desemprego, a produção cai junto com o consumo e os índices de falência aumentam.